segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Educação a Distância: sucesso, alcance de objetivos e critérios


A modalidade de Educação a Distância (EaD) pressupõem autonomia do estudante na organização dos tempos e espaços para a aprendizagem. Neste sentido, o estudante precisa ter clareza de que seu sucesso na aprendizagem dependerá, em grande parte, da sua capacidade de organização. Em outras palavras, como não há o rigor da presencialidade para comprovação de que há participação, bem como não há um tempo predeterminado pela instituição escolar, com dia/horário para realização das atividades, caberá ao estudante fazer seu plano de estudo. Quanto mais organizado e consciente estiver o estudante quanto ao seu plano de estudo, maiores serão suas chances de alcançar o sucesso nesta modalidade de educação.

Para alcançar os objetivos propostos na disciplina/curso que estiver ministrando na modalidade EaD o professor deve ter clareza que a mediação da aprendizagem ocorre de forma diferente daquela realizada presencialmente. Assim, será fundamental que o professor planeje o curso considerando que o material didático-pedagógico, as atividades e as avaliações, devem contribuir e promover as interações entre os estudantes e o professor, entre os estudantes e seus pares e entre os estudantes e o conteúdo programático. Outra questão fundamental a ser considerada, no planejamento e durante o curso, diz respeito às devolutivas, relativas às atividades propostas, e a disponibilidade ativa do professor para apoiar os estudantes. Como não há presencialidade e as interações acontecem por meio das plataformas digitais e/ou dos materiais impressos (dependendo do curso) é preciso que as devolutivas aos estudantes ocorrem de forma rápida, que o professor observe as dificuldades dos estudantes e se disponibilize para ajudá-los, de forma a para evitar a evasão, infelizmente, muito comum nesta modalidade. Esta estratégia deve ser divulgada aos estudantes para que saibam como, quando e onde encontrar apoio. Finalmente, é imprescindível que o professor, ao planejar seu curso, indique ao estudante como será avaliado e por quais critérios, e que tais informações também sejam divulgadas. Um excelente recurso para esta questão é a utilização de rubricas avaliativas.

É necessário ao professor, ministrando um curso em EaD, estabelecer critérios para escolha de material didático-pedagógico. Considero que o primeiro critério é avaliar a possibilidade de interação que o material proporcionaria ao desenvolvimento das atividades propostas. O segundo critério a ser considerado é o formato, a disponibilização e envio deste material: impresso, digital, enviado pelo serviço de correio físico ou correio eletrônico, disponibilizado em uma plataforma digital, etc. Um terceiro critério diz respeito a materialidade e recursos disponíveis para a produção deste material didático-pedagógico: financiamento, recursos técnicos e equipes envolvidas. Obviamente outros critérios podem, e devem, ser considerados: público alvo, a equipe pedagógica e o perfil docente, a duração do curso, dentre outros. Contudo, o que se pressupõem, sempre, é que os materiais e estratégias empregadas em cursos na modalidade EaD não são mera transposição daqueles/daquelas utilizadas em cursos presenciais.

Avaliação para as aprendizagens.

Avaliar faz parte da vida humana. A todo momento nos avaliamos, avaliamos nossas escolhas, opções, caminhos a seguir. Avaliamos as pessoas, as situações, os relacionamentos, as finanças, os objetos. Em outras palavras, damos um juízo de valor àquilo que de alguma forma nos interessa.
Nas instituições escolares o processo avaliativo da aprendizagem (temido e famigerado pelos estudantes!) é sistematizado e planejado. Tem um caráter de medida  pois se propõem a verificar se os conteúdos curriculares desenvolvidos ao longo dos dias/meses/trimestres/semestres/anos letivos foram efetivamente aprendidos pelos estudantes. E representa, ainda, a resposta a um compromisso institucional com a comunidade escolar e com a sociedade: demonstrar que os estudantes estão aprendendo.
Desafio enorme para professoras e professores de todos os níveis de ensino e etapas de escolaridade que precisam escolher e/ou desenvolver instrumentos avaliativos em consonância com os objetivos das aprendizagens, com o contexto sócio-histórico no qual a aprendizagem se realiza,  que considerem a  heterogeneidade dos sujeitos envolvidos, e ainda, que consigam produzir dados relevantes sobre o processo de ensino-aprendizagem. 
Neste sentido, deve-se considerar, também, que há um currículo oculto permeando as ações pedagógicas e influenciando todo o processo avaliativo nas escolas. Tal influência é verificada no conceito que se tem de avaliação escolar e que prevalece no senso comum: a avaliação como identificação do erro, do que o estudantes foram incapazes de realizar e uma estratégia punitiva que leva a um processo de recuperação/evasão.
Faz-se necessário constatar, aina, que além da avaliação direta, que utiliza instrumentos,  há a avaliação indireta, que se realiza no dia a dia da escola, por todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, na interação dos atores deste processo e de forma dialógica.
Neste complexo contexto é preciso questionar: a avaliação escolar retrata realmente o que o estudantes aprenderam? 
A primeira questão que se coloca é conhecer se a avaliação direta e indireta, realizada nas instituições escolares, demonstram o quê e como os estudantes aprendem, e ainda, como estes desenvolvem suas habilidades/competências. Para responder a esta questão é necessário realizar uma avaliação diagnóstica bem planejada e que utilize instrumentos capazes de coletar informações sobre os conhecimentos, habilidades/competências consolidadas e/ou em processo de consolidação pelos estudantes. Diagnóstico este que servirá de norte para o planejamento educativo e será realizado várias vezes ao longo do processo de ensino-aprendizagem, para orientar as definições ou redefinições das estratégias pedagógicas. 
Isto posto, uma segunda questão se coloca: é preciso desenvolver ações de avaliação formativa, durante todo o processo de ensino-aprendizagem, com foco em devolutivas que sejam significativas. Estas ações devem envolver  os estudantes e os professores, os estudantes e seus pares, os professores e seus pares, a coordenação pedagógica, os gestores escolares e as famílias. Em outras palavras é esta a avaliação que, feita durante o processo de aprendizagem, demonstrará aos estudantes, aos professores, e toda a comunidade escolar como está se desenvolvendo o trabalho pedagógico naquele contexto e para aqueles objetivos planejados.
Finalmente, e preciso refletir sobre as avaliações somativas. Como reflexo de todas as ações anteriores as avaliações somativas apresentarão de forma sintética, por meio de notas ou conceitos, o que os estudantes alcançaram frente aos objetivos propostos no planejamento. Estas avaliações, normalmente realizadas ao final de uma etapa escolar, devem estar vinculadas à todas as formas avaliativas realizadas ao longo do processo de ensino-aprendizagem, para que realmente representem o nível de aprendizagem alcançado pelo estudantes.
Desta forma, fica evidente que realizar uma avaliação para as aprendizagens requer convergência de ações e interesses, critério e muito planejamento.